sábado, 28 de novembro de 2009

Relato soulreal: 30 minutos de meditação no meio da Paulista




O celular vibra o despertar do aqui e agora. A pressa de abrir os olhos na expectativa que todos estejam fazendo o mesmo é substituída pelas sensações do momento presente que elevam sutilmente meus braços se entrecruzando como um DNA até formar um gesto de lótus parido de meu gene acima da cabeça.



Dezoito horas em ponto, exercitei e aprofundei a presença sentando em meio lótus por 30 minutos no meio da Paulista. De sapatos sociais, gravata e minha mala com laptop descansando entre as pernas. Todo mundo pode.



Meu sorriso não se aguenta tomado pelo dharma ( propósito) de alguém que de dia é Consultor de Desenvolvimento Humano na sala do escritório de um lado da avenida e de noite Instrutor de Yoga do outro, na sala da academia.



Sou um chafariz em devoção que ao liberar as pálpebras contempla uma cinza montanha torneada por enfeites natalinos. Os carros passam, as motos roncam mais forte, os ensurdecidos do agora buzinam e até gritam. Por meus olhos só a brisa. A asa delta do grupo é de mais de 100 pessoas do conjunto Nacional até a Brigadeiro, sentados no meio da avenida mais corrida do Brasil.



Minha atenção entrego a vida. No meio de carcaças ambulantes, estou contemplando a Mãe Paulista e seu filho Conjunto Nacional, sensorializado por gotas da contida tempestade de egos no furacão nem bem nem mal. Nem oi nem tchau.Só vou ou fui.



Malucos, o mundo quase acabando e esses idiotas estimulando a passividade do silêncio. Cordões umbilicais da Mãe divina, com o simples silêncio trazendo a sintonia do mundo que inicia.



Inspiro o sol. Inspiro a lua. Transmutando toda a poluição. Nesse presente, carros são ruas, no farol verde, sou só testemunha, esqueço o julgamento, tecido em ternura.



Tentado pela vaidade, tranco um vulcão, sua erupção troco porque peço, ser apenas um exemplo, feito do manifesto.



Sou turista, conhecendo o lugar onde trabalho e visito há muitos anos. Deus é a camera e o Yoga minhas lentes.



Caminho na incondicionalidade da presença, valorizando a experiência e o desafio de transmutar o som, a poluição, a vibração e a exposição para cultivar o momento presente.



Do controle da respiração com ritmo e bandhas, a entrega as suas ondulações com foco e fundamentação, aprendo o que sempre logo esqueço e reaprendo. Cultivar o silêncio da vera presença. O tempo é de disciplina para quem quer o verdadeiro. Da-lhe comprometimento as escolhas que eu tenho, manifestada seja a verdade em que venho.



Não é preciso ser monge para ser verdadeiro, executivo é poder, ser presente e inteiro. Não é preciso o Tibet, para a luz do santo, meditando podemos ter a luz de só sermos.

Heya Jaya!

Namastê,

somos 1

mas o silêncio

nos faz presente faz que mais que dois


Link convite:
http://yogabodymind.blogspot.com/2009/11/meditacao-na-paulista-1730.html

Curso de formação: Canções em memória

Despejo essas duas canções em memória de mais um mergulho de um mês no curso de formação com o Pedro Kupfer&convidados&colegas em Mariscal.



MANTO DE GRATIDÃO



em homenagem a abertura de portas, o exemplo inspirador de presença do instrutor Pedro Kupfer e às nossas diferenças na individualização de nossas práticas


O Ser em ti
 Declaro ver
Na plenitude
 Que é só Ser

Na plenitude
Que ti conduz
Que nosssssss conduz

Arco de cores
Tão bem zelados
Claro, vibrante
Bem vigiado

Ondas ditadas
Bem es ...
Bem es ...
Bem essssstudadas

Trago
O que pude aprender
Contigo
E com o que inspirou
Com tudo
Que se fez na ação

Trago
Minha gratidão
Num manto
Num manto
De luz
Enluarado

Luar, luar, luar
Raia nesse cantar
Luar, luar, luar
Tece esse ofertar

Jaya Ganesha (12x)

Querido
Professor
Te adorno
Em clara gratidão
Luz branco-prata
Adorno minha atenção

Escutar
É a primeira lição
Pra ser bem livre
Na deliberação
Seguindo
Nessa estrada ( de corpo e alma)
Me entregar

Refrão

É Prashantah
Contigo aprendo
Com o luar
De Mariscal

( 06/07/09-Mariscal)


2. O saber do perguntar

Ofertada a minha inquietação para perguntar e a todos colegas do curso de formação que tiveram paciência, impaciência ou a mesma curiosidade. Gratidão especial ao colega Fig que instruiu a aula que proporcionou essa experiência e compreensão.
Om vem ...
Do alto vem
Esse som lindo que me faz silenciar
E me recorda de primeiro escutar
Ondas vibrantes acalmam fugaz pensar
Faz vaso oco em mim, Oh! vero penetrar

Om om om vem...
Do alto vem
Eu me pergunto quem hoje vou integrar
Vejo o orgulho obstinado a tentar
Justificar o porque de perguntar
Fico com a hora certa de falar e calar

Om om om vem ...
Do alto vem
Saber eterno para todos libertar
Me lapidando pra aprender ao lecionar
A hora é essa vim aqui pra perguntar
Estou aprendendo a hora certa de calar

Om om om vem...
Do alto vem

Que me perdoem a chatice de escutar
A inquietação preciso melhor ritmar
A ignorância não quero ver maltratar
Já não vem no canto o que pude dissipar

Om om om vem ...
Do alto vem

O Om que o mitra traz para silenciar
Olhos fechados vendo mais que posso ver
Cego é aquele que não quer se observar
Agradecendo sigo no desapegar





Um yogi em gratidão

POR QUE AGRADECER

Tenho como hábito especial das proximidades do meu aniversário agradecer. E agradecer as oportunidades de doação e de bem estar trazidos pelo Yoga tem importância significativa não só pelo tempo e quantidade de pessoas com que partilhei minha caminhada nessa escola de auto conhecimento que se utiliza da consciência corporal como ferramenta principal, mas também pelos valores que o Yoga me traz.

IMPORTÂNCIA

Os número muitas vezes enganam mas eles me ajudam a trazer para a realidade também do grau de importância de algumas coisas que aparecem na minha vida.

Esse ano foi com certeza o ano que dei mais aulas e que tive a média mais alta de alunos. Não sinto necessidade agora de fazer um cálculo preciso, mas foram uma média de 10 aulas por semana o que dá 440 aulas tirando o mês de julho que estava em curso.

Nessas aulas de média de 10 alunos, devo ter partilhado a semente dessa escola com 2 alunos diferentes que aparecem por aula na Bio Ritmo, não só na unidade da Paulista, Editora Abril e Praça Abril, mas também, Higeanópolis, Cerro Corá, Centro e Santo Amaro, onde realizei substituições.

O que significa um contato e expressão com aproximadamente 880 pessoas diferentes.

Apesar de não considerar o Yoga minha atividade principal já que minha visão como Consultor de Desenvolvimento Humano abrange o Yoga junto com outras linguagens de auto conhecimento unidas com minha visão empresarial, não dá para negar que os números são significativos.

Com gratidão a oportunidade que a Bio Ritmo, os alunos particulares e de aulões em outros estúdios e locais me deram, gostaria de oferecer o mp3 do mantra asaato maa, gravado ao vivo na Índia, puxado por Chandra Lacombe e com minha voz no coral. Cantei algumas vezes esse mantra nas aulas esse ano e hoje senti que essa gravação apesar de ao vivo e amadora está especial. Estarei enviando pelo mailing, quem quiser: murillo_mukshutva@hotmail.com

Porém, muito mais que o número é o que meu coração, que começa a abrir agora quer dizer.

Quer dizer sobre a importância de nos dedicarmos ao Yoga. Ou seja, qual importância de nos relembrarmos de quem realmente somos e dedicarmos nossa disciplina para nos mantermos o máximo de tempo com o nosso melhor, ascendendo da etapa do egoísmo para a do altruísmo, da compulsão para a presença, da avidez para fluidez, da mentira para verdade, da inveja para dignidade, da luxúria para o êxtase da real troca, do apego para a constante doação, da indiferença com as impurezas para a purificação, da luta contra o que a vida nos traz para aceitação e trabalho, da fraqueza inconsciente para a disciplina consciente, do estudo de fora para o estudo de si, do trabalho para si para o trabalho para o todo.

GRATIDÃO ESPECIAL

O hábito demanda realmente disciplina e é isso que assumir o papel de instrutor me traz, responsabilidade e disciplina para continuar essa exigente lapidação.

Esse ano, meu principal investimento de tempo e recursos na minha prática e formação, foi no curso de formação com o Professor Pedro Kupfer que considero uma das principais referências do Brasil e a quem dedico a minha segunda gratidão especial dentro desse universo do Yoga.

Queria ter aprofundado um pouco mais minha relação com meu corpo nesses 12 meses, mas tenho um lado muito formal de concluir processos e precisava fechar essa formação com o Pedro, mesmo sabendo que a carga horária do curso dedicada a anatomia, alinhamento e as técnicas corporais era percentualmente menor do que as dedicada ao estudo das escrituras.

Além de concluir um processo inicial para certificação, o espelho dele é super importante para mim, porque comecei a dar aula depois de um conteúdo básico partilhado com excelência por ele que também tocou meu coração.

A principal mensagem desse segundo módulo foi a individualização da prática e nesse processo também me dei conta que a gente aprende mais com aqueles que já passaram por problemas como os nossos, sejam eles corporais, de aplicação de princípios ou culturais.

Tenho como princípio valorizar a inclusão do corpo na prática de Yoga e achar que esse é o grande diferencial desse sistema de auto conhecimento em realção a outros, apesar de alguns grupos estarem abandonando esse aprofundamento e se associarem a escolas que não valorizam tanto o uso do corpo.

Tenho contusões no joelho, na cervical e que geram uma escoliose devido aos tempos de futebol e artes marciais com as quais lido com normalidade graças ao Yoga e preciso de uma atenção especial na construção da minha prática corporal, o que inclui aprofundamento em anatomia e alinhamento, onde minha principal referencia é o Yoga Bandha e o sistema do Iyengar, apesar de não concordar com tudo.

Ao mesmo tempo, não encontrei nada mais lógico, preciso e aliado ao corpo do que os 5 princípios da prática de Vinyasa e com o estilo de vida agitado que levo em Sampa, as vezes tenho dificuldade de obter a internalização sensorial necessária para um real estado meditativo sem utilizá-los.

Admiro muito, o pouco que absorvi do Vedanta e acredito que toda a verdade está muito bem codificada ali, porém a psicologia moderna ( Pathwork, por exemplo) e até os conhecimentos de Recursos Humanos no meio empresarial contribuíram mais para meu processo trazendo princípios contidos nos Vedas aplicados a problemas da minha realidade contemporânea.

Isso sem contar os Sat Sangs na minha língua nativa ( português) e grupo de estudos com o psicólogo, ex-instrutor de Yoga e mestre espiritual Sachcha Prem Baba que iluminaram muitas compreensões que as vezes são absorvidas apenas pelo plano intelectual.

Aprendi a cantar os mantras com a devoção de Chandra Lacombe e valorizo muito essa sinceridade na evocação dos princípios, incluindo os propósitos dessas evocações.

Assim, apesar de algumas diferenças em relação ao Pedro nesse processo de individualização da prática de Yoga, foi admirável a expressão do principal exemplo que um verdadeiro instrutor deve dar: Presença. Fiquei admirado como o Pedro manteve sua plenitude, o que ouso dizer não se dever apenas aos seus estudos amplos e profundos e menos as técnicas corporais que ele partilha com o Yoga, mas muito também a bioquímica e relação corpo-mente estimulada na prática constante do maravilhoso surf.

Essa plenitude me tocou muito pura e profundamente logo nos primeiros dias e fui inspirado para compor mais uma canção para ele que deixo aqui como um manto de gratidão por seu exemplo de presença e por tudo que fez pelo Yoga no Brasil.

Obrigado Pedrão!

foto tirada do meu tapetinho depois de 30 dias em intensivo no curso de formação módulo 2
Julho/09

Canção em gratidâo ao inspirador exemplo de presença do instrutor Pedro Kupfer e as diferenças na deliberada individualização da prática

http://yogabodymind.blogspot.com/2009/11/manto-de-gratidao.html

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Relato soulreal: 30 minutos de meditação no meio da Paulista


O celular vibra o despertar do aqui e agora. A pressa de abrir os olhos na expectativa que todos estejam fazendo o mesmo é  substituída pelas sensações do momento presente que elevam sutilmente meus braços se entrecruzando como um DNA até formar um gesto de lótus parido de meu gene acima da cabeça.

Dezoito horas em ponto, exercitei e aprofundei a presença sentando em meio lótus por 30 minutos no meio da Paulista. De sapatos sociais, gravata e minha mala com laptop descansando entre as pernas. Todo mundo pode e isso merece um relato soulreal.

Segue continuação do relato: http://yogabodymind.blogspot.com/2009/11/relato-soulreal-30-minutos-de-meditacao.html








sábado, 21 de novembro de 2009

Vegetarianismo, almoço de negócios, família, churrasco de amigos e a ceia de natal

Por Murillo Trevisan

Uma das princiapis revistas de Yoga está preparando uma matéria super especial sobre alimentação e Yoga e a pedidos dediquei uma horinha para refletir sobre o assunto nesse sabadão pós feriado, procurando alguma situação de humor pessoal.

Nunca me fundamentei muito sobre o vegetarianismo, porque achava que precisava de tempo para outros pontos que me incomodavam mais no caminho com o Yoga, mas sempre me senti bem evitando o consumo de qq tipo de carne de origem animal.

Gostaria de mais tempo para me aprofundar no assunto de forma científica e filosófica, mas parei de comer carne de repente sem essas explicações. Costumo dizer que a prática de Yoga me identifica com o prana e energia, assim os alimentos naturais e sem carne acabam me atraindo mais. Porém, abro exceções em alguns momentos, não em todos, em média umas 5 vezes por ano.

Acho que o mundo precisa daqueles que não abrem exceção e daquelas que conseguem ser mais diplomatas e minha rede de relacionamentos demanda muito diplomacia, por isso, abro essas exceções, mas valorizo e tenho profundo respeito pelos ortodoxos com a causa.

Levantei algumas situações para reflexão:

Ser vegetariano ou aproveitar uma oportunidade enorme de aprendizado e remuneração na carreira ?

Um praticante de Yoga, gerente de conta de agencia de publicidade tem diante de si uma grande oportunidade para alavancar sua carreira, liderar uma concorrência para assumir um projeto de tres anos de uma multinacional. É sua primeira grande oportunidade na carreira, mas ele sente um conflito.

A empresa fornece produtos para pecuária e como pratica Yoga ele não tem muita afinidade com o consumo de carne e um calendário de presença em leilões é apresentado, onde o prato e assunto principal da mesa será sempre carne.

Ele nega a oportunidade alegando não se afinar com o incentivo do consumo ou aceita o desafio pelo aprendizado com as ferramentas de comunicação, aprofundamento no assunto e retorno financeiro para que possa ter suporte material e investir em ações que conduzam ao Yoga depois?

Ser vegetariano ou irritar o pai no Dia dos Pais?

É dia dos Pais e um instrutor de Yoga senta na mesa de um Domingo com a família. Ele está precisando expressar gratidão ao seu pai já a algum tempo. Tradicionalmente nesse dia sua mãe prepara carne de porco como prato principal.

Sua mãe ressalta os esforços no preparo do prato especial e o instrutor lembra no exato momento da imagem de Shiva tomando o veneno do mundo na concha.

Ele nega o prato principal que consagra o dia dos Pais expressando diferenças de hábitos rejeitando todo o cuidado e amor impressos pela sua mãe no prato ou aceita inspirado na imagem de Shiva bebendo o veneno do mundo?


Ser vegetariano ou negar algo que alguém fez especialmente para uma reunião de grupo?

O mesmo instrutor de Yoga é tb consultor de desenvolvimento humano e é contratado para uma reunião de planejamento estratégico onde o presidente da empresa que é um grande Yoga da ação apesar de Ter como um de seus negócios a criação de carneiros, prepara especialmente um prato com carneiro de sua própria fazenda.

O instrutor e consultor expressa sua negação pela consumo de carne se diferenciando de todo os outros 20 convidados carnívoros ou come apenas uns pedacinhos valorizando todo o restante que o presidente tem de Yogi.

Ser vegetariano ou respeitar sua intuição e defasagem de proteína no corpo?

Um praticante de Yoga decidi parar de comer carne por tempo indeterminado por livre e espontânea vontade. Ele leu muito pouco sobre vegetarianismo e parou pela intuição mesmo.

Certo dia passa na casa dos seus pais na hora do almoço e um salmão assado sedutoramente temperado e ornado se encontra a mesa e o instrutor sente um impulso para se servir.

Ele olha imprimi consciencia vegetariana ao impulso ou acredita que sua vontade é movida por uma necessidade de reposição de proteína ou de algum nutriente que se encontra deficiente em seu organismo e está presente no alimento.

Ser vegetariano ou não comer nada no aniversário de 15 anos dos formandos do colégio?

Um instrutor de Yoga que evita o consumo de carne recebe o convite para um churrasco em comemoração de 15 anos de formando no colegial. Ele dá uma passadinha rápida e aguenta a fumaça ou julga todos pelo consumo de carne e nega o convite.

Ser um Yogi já dá muito trabalho, ser um vegetariano ortodoxo no universo que vivo muito mais. Quem sabe chegaremos um dia aqui no Brasil, que assim como já acontece nas refeições nos aviões ou na Inglaterra onde temos um dos maiores percentuais de vegetarianos no mundo, todos se habituem a perguntar se a visita opta por prato vegetariano ou não.

A ceia de natal está chegando, abro exceção ou faço um curso de culinária para preparar uma ceia vegetariana? Acho que ainda estou longe de ser um vegetariano ativista e não consigo ver muito humor nisso, a não ser em momentos que o sacrifício para honrar o vegetarianismo corrompe a fluidez, a espontaneidade e a não violência de ahimsa.

Sem carne , por favor.