sábado, 26 de setembro de 2009

Desmistificando o Yoga

Por Murillo Trevisan

De 21 a 26 de Setembro estarei participando na Bio Ritmo do Conjunto Nacional da “Semana do Yoga” que no último dia terá uma série de atividades com o tema “Desmistificando o Yoga” e resolvi refletir um pouco sobre o tema que aprofundaremos no dia.

O sentido que a palavra mito está aqui colocada, me remete à algo que acreditei durante um tempo significativo e depois percebi que não era uma verdade. Por exemplo, acreditar que nossos senadores e deputados são exemplos de ética e representação social. Ou ainda, achar que antes de conhecer o Face to Face da Bio, que você não vai conseguir mudar seu corpo em tão pouco tempo.

Como é impossível sabermos de tudo nessa vida, esse aprendizado acontece em várias áreas e com o Yoga não tem sido diferente.A tese que eu levanto aqui é que existe sim muitos mitos no Yoga com os praticantes e o motivo pelo qual isso acontece é porqee as pessoas acham que só o fato de praticarem é suficiente para evoluir no Yoga. Se todos encarassem o Yoga como um escola de desenvolvimento e equilibrassem a prática com cursos de formação ou estudo sistemático os mitos não seriam tão presentes.

Apesar de ter entrado no grupo de estudos da UFSCAr logo após minha primeira prática eu só fui me incomodar com isso de verdade depois de quase 10 anos de prática e muitos mitos com meu estudo auto didata descomprometido. Foi quando me organizei para fazer um estudo mais sistemático, levei a sério meu diário de prática e depois fiz um curso de formação.A primeira aula de Yoga da vida é um momento onde a maioria quebra muitos mitos, o leitor poderia aquecer essa conversa lembrando qual mito quebrou na primeira aula que fez?

No meu caso cheguei na prática para complementar sessões de fisioterapia, achando que era algo ligado apenas ao alinhamento postural em 1996, na UFSCar. Mas me surpreendi com o controle da ansiedade que a prática me proporcionou. Porém, de lá pra cá muitos mitos foram sendo quebrados como os que cito a seguir.

Já acreditei que só por algo ser antigo no Yoga, poderia remeter seriedade irrefutável. Hoje valorizo a individualização da prática perante os desafios do cotidiano atual, além de valorizar a utilização de recursos como a música, boas descrições de asanas com imagens de anatomia, iluminação e aromatização da sala, acessórios para os asanas e tapetinhos com boa absorção de impacto e limpeza.

Nada que houvesse ou fosse facilmente acessível a milênios atrás quando surgiu o Yoga e sua valorosa corrente de mestres.Já acreditei que existiam Yogas melhores que os outros até compreender a importância da individualização da prática, de se escolher posturas, tempos e ritmos respiratórios e exercícios de relaxamento e concentração alinhados com as demandas peculiares de um indivíduo.

Já acreditei que eu poderia evoluir no Yoga até o fim, sem compreender seu objetivo real com consciencia. Sem compreender a diferença entre o que é o estado de Yoga e o que não é. O que são os as matrizes de comportamentos éticos sugeridas como primeiro passo pelo mestre Patanjali (Yamas e Nyamas ) e o que são os seus opostos.

Hoje, acredito que a prática pode se tornar estéril, ou seja, inútil ou ainda, nociva, ou seja, com chance de contundir o praticante, caso ele não tenha a compreensão sincera do motivo pelo qual as técnicas foram inspiradas. É isso que diferencia um iniciante de um praticante, como hj me considero. Só um mestre consegue se manter com os Yamas e Nyamas e para chegar lá é preciso criar força de propósito consciente, querer e se dedicar.

Já acreditei que sem a noção correta de alinhamento eu não estava praticando àsana e compus até música para uma professora em ode ao alinhamento.

Hoje valorizo o foco na respiração com bandhas e o alinhamento natural, equilibrando a intuição de cada corpo de dentro para fora e o que vem de instrução, de fora para dentro.Já acreditei que o aspecto lúdico dos asanas era inútil, hoje tenho dezenas de experiências no meu diário de prática inspiradas pelo aspecto lúdico do asana.

Já acreditei no início, que a respiração Ujjay era apenas na inspiração e um instrutor foi me corrigir só depois de alguns anos que a estava praticando. Já acreditei também que a única respiração da prática era a relaxante, com a projeção do abdômem para fora na inspiração. Hoje pratico a respiração ativa com sucção abdominal.

Já acreditei que a prática ajudaria na concentração sem nenhum esforço e aumentei minha capacidade de ficar disperso com Yoga em determinada época. Hoje as fixações oculares e uma boa aclimatação antes da prática, me lembram sempre da compreensão da importância da entrega da atenção para o corpo e respiração na prática.

Já acreditei que o simples ato de entoar o mantra Om seria suficiente por si só e alimentava muitos pensamentos enquanto o entoava. Hoje só vejo funcionalidade no mantra aliando ele com uma sincera intenção de silencio interno. Aliás, quando compreendi com sinceridade o significado de uma série de mantras tudo se potencializou.

Já acreditei que meditar era refletir ou se concentrar em algo, hj depois de práticas como 10 dias em silencio absoluto na meditação Vipassana, aprendi que a concentração apenas cria o campo para que a meditação aconteça naturalmente.

Já acreditei que ia morrer com a comida da Índia, mas fiquei absolutamente maravilhado com minhas refeições por lá. Apesar que realmente, os cuidados com a segurança alimentar lá causam riscos reais de muitos passaram mal como eu vi.

Por fim, não posso deixar de citar um mito que resolvi quebrar há 3 semanas e que reforça meu propósito de vida de partilhar essa prática em uma academia. Depois de 10 anos de muito preconceito, resolvi unir minha prática de Yoga com um pouco de musculação.Isso aconteceu depois de uma constatação pessoal que atualmente a comunidade do Yoga está exagerando no foco dado a flexibilidade e que meus músculos estavam habituados com os movimentos e posturas de força.

Assim, resolvi equilibrar práticas com mais permanencia e variação de asanas de força com um pouco de musculação.Além disso, queria sentir um pouco mais como se sentem a maioria dos meus alunos, que muitas vezes chegam para prática após a musculação.O engraçado é que cheguei no Yoga em 1996, exatamente por falta de orientação da musculação, que me gerou problemas nos joelhos e na cervical.

E nesse caso, se tem algo que não é um mito no Yoga é a necessidade do equilíbrio, em tudo.Por fim, lembro que já acreditei que ler muitos livros poderia me tornar um expert no Yoga, mas hoje meu diário de prática me lembra sempre que só a experiência amadurece a verdade do conhecimento do Yoga e se desapegar dela é a forma mais sincera de criar o campo para repetí-la na prática.

Boas práticas! Om namah shivaya!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Depoimentos

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A melhor forma de expandir os benefícios de qualquer serviço é através do testemunho da sua experiência e com o Yoga, isso é especialmente importante. Tenho muitos alunos que chegam até meus instrutores devido aos depoimentos que deixo dos ensinos e melhorias que obtive com eles.

Se você absorveu algo especialmente positivo ou mesmo peculiar com alguma prática ou curso que partilhei, agradeço em nome de todos meus instrutores e da comunidade do Yoga, registrar seu depoimento aqui.

Todos os méritos pertencem aos puros de coração e toda vitória pertence ao todo maior!